“Dispersa e caótica”: a atuação estudantil entre 1928 e 1937

“Dispersa e caótica” são as palavras utilizadas pelo historiador Arthur José Poerner para caracterizar a atuação política dos estudantes durante a Primeira República. A ausência de uma organização central que canalizasse “o poder estudantil”, levava-os a uma atuação local e regional, ligada a situações de momento, tanto internas às instituições de ensino quanto às vindas de esferas superiores.  É sintomático que os estudantes sejam chamados apenas de estudantes, não há intermediação de um centro acadêmico, um partido político ou qualquer outra organização. Percebe-se o seguinte vaivém: uma situação que afeta os interesses estudantis surge, então, como resposta imediata ou ponderada, os estudantes protestam. Nessa direção, os quatro documentos selecionados, mostram diferentes facetas dessa atuação local. Estudantes de odontologia revoltados com o professor que não ministra as aulas, deixando-as a cargo dos seus assistentes. Estudantes do Largo São Francisco atacando a sede do jornal Il Piccolo contra as posições fascistas do periódico.  Estudantes da Escola de Belas Artes contrários à medida do governo de retirar Lúcio Costa da direção da instituição, após a polêmica causada pelo Salão de Belas Artes de 1931. Estudantes de Direito de São Paulo atuando no movimento constitucionalista contra o governo de Getúlio Vargas. No entanto, entre os embates e combates, os estudantes se preparavam também teoricamente – é o que se vê na carta de Caio Prado Júnior aos estudantes da Revista Acadêmica.