Professor Tiganá Santana Neves Santos
Objetivos:
Geral
Apresentar, de maneira interdisciplinar, dimensões estéticas e criações artísticas assentadas no território brasileiro, e ancoradas em modos não hegemônicos de pensar e conhecer
Específicos
– Apresentar conteúdos artísticos advindos, majoritariamente, dos universos culturais afrobrasileiro e indígena;
– Apresentar os conteúdos artísticos supracitados numa perspectiva não dividida em linguagens artísticas, mas multiartística;
– Discutir as criações artísticas e suas subjetividades e coletivos criadores em relação a filosofias, gnoses e cosmologias não coloniais que também circulam no Brasil;
– Promover debates acadêmicos e reflexões críticas, no que concerne a um pensamento sobre artes na contemporaneidade.
Justificativa:
A razão pela qual o curso é proposto gravita, sobretudo, em torno do enfoque em manifestações artístico-culturais que expressam, são moduladas e modulam saberes – a partir de referenciais, principalmente, afrobrasileiros e indígenas – que também compõem o complexo território usualmente reconhecido como brasileiro. As perspectivas de abordagem são, além de interdisciplinares, transtemporais no sentido de que ideias em torno de ancestralidade, presente e devir, bem como de memória, invenção e presença possuem centralidade. As disputas das narrativas atuais sobre o mundo, arte, política e conhecimento, coexistindo com performances culturais que existem coletivamente e sem disputas explícitas de agendas contemporâneas habitam as discussões da disciplina. As proposições artísticas que trazem gnoses – retomando a expressão grega repensada pelo filósofo congolês Valentin Mudimbe a distinguir-se, conceitualmente, de doxa e de episteme, tendo “saber” (questionar, conhecer) como uma ação que se dá com agenciamento próprio – não coloniais e, muitas vezes, contra-coloniais – para se pensar em consonância com o pensador Antônio Bispo dos Santos (Nego Bispo) – devem também ocupar os espaços de debate e reflexão para se pensar o Brasil em outros termos.
Conteúdo:
O curso, de maneira interdisciplinar, tratará de estéticas (poéticas, se quisermos) afrobrasileiras e indígenas, a partir de manifestações e alinhamentos cosmológicos que podem ir, num contexto de cruzamento entre artes, da Zambiapunga aos blocos afros, dos candomblés aos reinados (passando-se por artistas como Mestre Didi, Ayrson Heráclito, Castiel Vitorino, Aline Motta e Ana Pi), assim como das criações Huni Kuin, Maxakali, Guarani e Yanomami a artistas como Jaider Esbell, Joseca Yanomami e Glicéria Tupinambá. A ideia é trazer as questões filosófico-cosmológicas implicadas nessas diversas agências (quer subjetivas, quer coletivas), atravessando-se, necessariamente, as questões de ordem política apresentadas, neste território, considerando-se as mediações variadas e o próprio debate em torno das artes, das ontologias e dos saberes. Pretende-se, além de trabalhar os devidos textos, para a discussão em sala de aula, abranger referências filmográficas, iconográficas e discográficas nas práticas de reflexão coletiva.