Um palco em disputa: teatro musicado, sociedade e cultura na São Paulo dos anos 1920 e 1930

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Universo ainda pouco conhecido e estudado, o teatro musicado consumido na cidade de São Paulo nas primeiras décadas do século XX é objeto privilegiado para a investigação da cultura urbana do período e suas contradições. Sua estreita ligação com as transformações culturais e sociais experimentadas na capital paulista fez dele um palco de inúmeras disputas, que envolveram tanto a “sociedade real” – formada por espectadores, dramaturgos, compositores, atores, críticos, produtores, agentes do poder público etc. – quanto a “sociedade imaginária” representada em cena. Essas disputas se davam em diferentes esferas, das quais três principais serão analisadas nesta pesquisa. No plano das representações, serão estudadas as construções identitárias que, por meio dos personagens-tipo que cantavam em cena, ajudaram a estabelecer um gênero musical característico (identificado como “caipira” ou “sertanejo”), prefigurado no teatro e consumado no disco e no rádio, evidenciando as disputas em torno do significado de “ser paulista”. No plano estético, serão analisados os embates em torno da definição dos gêneros musicados, os quais se referem não só aos modelos de escrita utilizados por dramaturgos e compositores, mas também aos horizontes de expectativas dos ouvintes /espectadores. Finalmente, no plano político-cultural, veremos como o teatro musicado esteve no cerne de uma disputa na qual o programa modernista de construção de uma música nacional, defendido por Mário de Andrade, opunha-se tanto ao projeto conservador e italianizante dos professores do Conservatório Dramático e Musical, representado por Armando Belardi, quanto à nascente cultura de massa e seus produtos inclassificáveis.

Orientandos (nível)

Virgínia de Almeida Bessa (Pós-Doutorado)