Defesa de Dissertação de Mestrado de Clarissa Reche Nunes da Costa

No dia 18 de dezembro, às 14h00, será realizada, sob a orientação do Prof. Dr. Stelio Alessandro Marras, a Defesa de Dissertação de Mestrado da pós-graduanda Clarissa Reche Nunes da Costa, intitulada “O chapéu do bruxo: Artefatos, aprendizes e aprendizados de um fazer científico (bio)hacker”.

RESUMO: A presente dissertação tem como objetivo seguir de perto práticas (bio)hackers balizadas por preceitos políticos de abertura e democratização, realizadas a princípio no interior da Universidade de São Paulo, uma instituição de pesquisa “tradicional”, mas que integram redes e constroem alianças que alargam e adensam os atores e lugares autorizados a participar de fazeres científicos. Trata-se de um exercício experimental etnográfico produzido a partir do encontro com participantes do Clube de Biologia Sintética da USP e cujo campo de trabalho esteve situado especialmente em processos de fabricação de artefatos científicos “do-ityourself” (DIY), como por exemplo equipamentos para a realização de pesquisas em biologia molecular. Sigo os fluxos e encadeamentos de acontecimentos que se deram durante os anos que estive em campo, buscando evidenciar a própria transformação do que constituiu este campo, que passou da participação nas reuniões semanais e projetos pontuais do Clube de Biologia Sintética à experiências realizadas junto à rede (bio)hacker que estive em contato. Meu ponto de partida é uma primeira questão que me acompanhou em campo, a saber, porque as práticas pautadas em abertura florescem nesta “fronteira” do conhecimento, a Biologia Sintética? O contraste entre a história oficial do desenvolvimento deste campo científico emergente, cujas origens estão nos laboratórios do MIT – Harvard, e as experiências vividas me conduziu a observar as tensões entre as possibilidades de produção científica que encontramos localmente e o “estado da arte” científico advindo dos EUA e Europa a partir de práticas abertas, (bio)hackers e desobedientes que insistem em estar dentro de instituições formais. Pretendo nesta dissertação narrar experiências que desestabilizam os polos humano-objeto e ciênciapolítica de modo a, assumindo uma análise feminista orientada a objetos, elencar aprendizados capazes de instigar nossas imaginações sobre outras formas possíveis (e desejáveis) de relações produtivas integradas por uma dignidade coproduzida. Para tanto, conto com a ajuda de uma proposta “ciborgue-feiticeira”, ou melhor, dos pensamentos de Haraway e Stengers, filósofas da Ciência e Tecnologia, a partir dos quais ressalto o caráter de aprendizagem que emergiu do trabalho de campo e tornou-se figura central e pulsante ao deslocar meu olhar para práticas e objetos, evidenciando o lugar da imaginação coletiva nas ciências e a reivindicação da capacidade de imaginar como proteção e possibilidade de entreviver.

Onde: Instituto de Estudos Brasileiros/Edifício Brasiliana  – Sala 07 – Defesa – 2º andar
Quando: 18 de dezembro, 14h00