IEB5022 – Tópicos Especiais de História Econômica do Brasil

Prof. Dr. Alexandre de Freitas Barbosa

Objetivos:

Esta disciplina procura recuperar um conjunto de conceitos – economia-mundo, economia-mundo capitalista, sistema centro-periferia, desenvolvimento-subdesenvolvimento, dominação-dependência, ciclos sistêmicos de acumulação e regimes de acumulação – operacionalizados por autores que, em suas abordagens teóricas, concebem o capitalismo como sistema histórico constantemente (re)organizado nas suas manifestações temporais e espaciais.

Conteúdo:

O curso se inicia (aula 0), com uma discussão metodológica sobre a relação entre história, economia e ciências sociais. As três partes seguintes do curso se complementam: a primeira (aulas 1 a 3) e a terceira (aulas 9 a 12) de cunho mais teórico, e a segunda de caráter mais histórico (aulas 4 a 8).

Portanto, pretende-se estabelecer conexões e diálogos entre os conceitos e as perspectivas metodológicas dos autores da primeira parte do curso (Fernand Braudel, Karl Polanyi, Immanuel Wallerstein, Robert Brenner, Giovanni Arrighi, David Harvey, Robert Boyer e Ellen Wood, dentre outros), que assumem uma perspectiva sistêmica; e os da terceira parte (Caio Prado, Celso Furtado, Ignácio Rangel e Florestan Fernandes), que pensam o Brasil por meio de um estilo de interpretação histórico-estrutural, conjugando teoria e práxis e partindo da realidade mais ampla do capitalismo, para compreender não de maneira determinista, o jogo intrincado entre ruptura e continuidade ao longo da história brasileira.

Fazendo uso dessas ferramentas metodológicas, procura-se investigar na segunda parte do curso como é tecida a complexa relação entre a(s) economia(s) brasileira(s) e a economia-mundo capitalista em alguns momentos históricos decisivos: expansão comercial e gestação da colônia; ascensão cafeeira e fim do trabalho escravo; industrialização (1930 a 1980); reformas liberalizantes nos anos 1990; e a expansão do mercado interno no Brasil com inclusão social (sem projeto de desenvolvimento) nos anos 2000. É conferida atenção especial aos ciclos sistêmicos de acumulação, “britânico” e “estadunidense”, e também à reorganização da economia-mundo capitalista no contexto da ascensão chinesa antes e pós-crise de 2008.

O “econômico” aparece sempre como um conjunto de estruturas, que interagem com as estruturas sociais e de poder, redefinindo e criando novas hierarquias nos vários espaços globais, nacionais e locais e sem as quais não se compreende a complexa geografia de poder econômico e político que caracteriza o capitalismo contemporâneo.

Finalmente, na terceira parte, são abordadas, a partir de seminários organizados pelos alunos com a orientação do professor, as obras desses quatro pensadores brasileiros que se debruçaram sobre a complexa articulação entre fatores internos e externos como ferramenta explicativa para as rupturas e continuidades na vida social e econômica do país sob uma perspectiva histórica, antes e depois do capitalismo ter se expandido no território nacional.

Suas convergências e divergências teóricas serão explicitadas, o que permite o contraponto de suas interpretações nos diversos momentos da história brasileira. Não obstante, um mínimo denominador comum em termos metodológicos permite agrupar as suas variantes teóricas num estilo de interpretação histórico-estrutural no Brasil, em grande medida abandonado nos últimos quarenta anos.