No dia 21 de outubro de 2025, às 11h00min, será realizada a Defesa de Dissertação de Mestrado da pós-graduanda Érika Augusta da Silva, sob a orientação da Prof. Dr. Inês Cordeiro Gouveia, intitulada “Noções de favelidade: representações a partir do Museu das Favelas”
Resumo: Esta pesquisa reflete sobre representações de identidades comunicadas pelo Museu das Favelas, instituição pública do Governo do Estado de São Paulo. A metodologia é qualitativa, baseada em interpretações historiográficas e observações participantes. Recorrendo especialmente ao final do século 19 e ao decorrer do século 20, analisa o contexto sócio-histórico de urbanização da cidade de São Paulo e explicita como sucessivos projetos de desigualdade e marginalização têm resultado na formação de periferias e favelas paulistanas, territórios constituídos por profundas segregações raciais e econômicas, aspectos dos quais a cultura hip hop se apropriou e sobre os quais tem produzido novos sentidos no imaginário social. No entanto, com populações crescentes e produções culturais diversas, problematiza como as referências desses territórios foram historicamente apartadas dos espaços hegemônicos de salvaguarda de memória, sendo criados, como alternativa, os museus comunitários e iniciativas afins. Consequentemente, também observa como, especialmente nos últimos 20 anos, com a emergência da museologia social no Brasil, ações de Estado têm dedicado alguma atenção à memória, à diversidade e à representação de grupos socialmente marginalizados. Nesse sentido, o Museu das Favelas, criado em 2021 com a missão de garantir protagonismo e salvaguardar memórias das favelas brasileiras, é investigado enquanto espaço que tem investido em pesquisar, expor e comunicar noções de favelidade (expressões sociais e culturais das identidades das populações de favelas) de modo alargado e representativo. Contudo analisa, ainda, como mesmo diante da identificação que alguns grupos têm demonstrado em relação ao Museu, seu vínculo e sua identidade, estabelecidos por meio do seu primeiro endereço, foram abalados devido a uma transferência arbitrária que evocou, em parte do seu público, o trauma coletivo causado pelas remoções, ações apontadas pela pesquisa como majoritariamente desempenhadas por agentes do poder público, que têm violado sistematicamente espaços para moradia e práticas culturais de pessoas periféricas e faveladas. Analisando sua curta trajetória, os compromissos do Museu das Favelas são evidenciados sobretudo por meio das características das suas equipes de trabalho, de ações que envolvem a escuta e a participação de agentes e organizações da sociedade civil, e dos acervos e discursos que compõem as suas exposições. Especialmente a de longa duração, “Sobre Vivências”, e a exposição de média duração “Racionais MC’s – O Quinto Elemento”, abertas em sua nova localização. Desse modo, embora o estudo considere que as contradições institucionais do Museu das Favelas devam ser ponderadas, também conclui que a instituição tem demonstrado engajamento no processo de (re)imaginação e valorização da noção de favelidade, por meio de representações política e poeticamente demarcadas.
Onde: Sala 7, 2º andar do IEB