RESUMO:
Essa pesquisa se concentra na análise dos fragmentos poéticos e biográficos de Francisca Maria da Conceição, conhecida como Chica Barrosa, uma violeira negra nascida na Paraíba na segunda metade do século XIX, considerada como a primeira mulher repentista do nordeste brasileiro. Sua obra pertence ao campo das poéticas orais e foi criada através do canto, ao som de sua viola, sobretudo nos chamados desafios de repente, que correspondem a verdadeiras batalhas de improviso poético, feitas diante de um público. Por meio delas, a violeira Chica Barrosa enfrentou afamados repentistas de diferentes localidades e posições sociais, até ser brutalmente assassinada durante uma cantoria. Alguns fragmentos dos seus desafios foram guardados na memória oral e também incorporados a coletâneas, antologias folclóricas e folhetos de cordel, que são fontes fundamentais
para esse estudo. Apesar da força poética de Chica Barrosa, através da qual ela se destacou e propagou a sua voz em diversos espaços dentro dessa tradição, podemos constatar que houve um grande silêncio em torno da autora na esfera acadêmica, tendo em vista a ausência de um estudo exclusivo e sistemático de sua produção e trajetória. Diante disso, essa dissertação está inserida no Programa de Pós-Graduação em Culturas e Identidades Brasileiras e tem o objetivo de romper com esse silêncio, apresentando uma análise multidisciplinar dos ecos da poesia e as evidências da atuação dessa grande repentista, que exaltava-se como negra atrevida, propagando a sua voz em um contexto bastante adverso, marcado pelo domínio patriarcal e por relações escravistas, mesmo nos anos do pós-abolição. Levando-se em conta a complexidade dos estudos acerca da cantoria, a pesquisa procura integrar diferentes áreas do conhecimento, com ênfase na perspectiva histórica e literária, considerando a íntima relação que existe entre texto e contexto no gênero poético do desafio de repente, cuja realização envolve fatores históricos, geográficos, sociais e culturais.
PALAVRAS-CHAVE: : Chica Barrosa, Cantoria, Cordel, Poéticas Orais, Mulheres Negras, Escravidão
Onde: totalmente remota
Quando: 10 de janeiro, terça-feira, às 10 horas
