Defesa de Dissertação de Mestrado de Milla Maués Pelúcio Pizzignacco

No dia 19 de fevereiro, às 14h00, será realizada, sob a orientação do Prof. Dr. Paulo Teixeira Iumatti, a Defesa de Dissertação de Mestrado da pós-graduanda Milla Maués Pelúcio Pizzignacco, intitulada “Emboladas tipográficas em Campina Grande (PB): Permanências e rupturas na edição dos folhetos do poeta Toinho da Mulatinha (1925-2016)”.

RESUMO: Esta dissertação de Mestrado, inserida na linha de pesquisa “Brasil: tensões, rupturas e continuidades entre passado, presente e futuro”, tem como objetivo central dimensionar os processos sociais, culturais e históricos que impactaram a edição e a circulação dos folhetos de feira em Campina Grande – Paraíba, através da análise da trajetória e produção do poeta Toinho da Mulatinha (Antônio Patrício de Souza, 1925 – 2016). Trata-se, portanto, de uma pesquisa multidisciplinar inserida na área de concentração de “Estudos Brasileiros”. Utilizo-me da História oral, da etnografia e da pesquisa documental como recursos metodológicos centrais no levantamento de dados que suscitam as discussões inscritas neste texto. Ainda que proponha uma perspectiva expandida sobre a obra do poeta-embolador (1950 – 2010), a pesquisa tem como baliza cronológica fulcral as décadas de 1950 a 1980, período em que circulou ativamente pelo itinerário geo-poético paraibano, cantando embolada de coco e folhetos de feira, e manteve produção intensa/extensa em tipografias especializadas/não especializadas em brochuras, fundando a “Folhetaria Estrela do Oriente”. Poeta de profissão que manteve banca de comercialização de folhetos durante 60 anos na Feira Central de Campina Grande, Toinho propiciou encontros com agentes do circuito folheteiro campinense substanciais para a composição desse trabalho: Manoel Camilo dos Santos (poeta-editor), Antônio Lucena (poeta-xilogravador), José Alves Sobrinho (poeta-pesquisador) e Manoel Monteiro, propulsor do “Novo Cordel” na cidade. Ao atravessar o auge e a queda da indústria gráfica especializada em folhetos na Paraíba, Mulatinha reinscreveu sua produção no início do século XXI de acordo com as possibilidades técnicas/financeiras de materialização das próprias publicações, auferindo resultados estéticos que desafiam imaginários folcloristas enraizados nas políticas públicas da terra do “Maior São João do Mundo”. Assim, os principais eixos de discussão apresentados a partir da pesquisa desenvolvida nessa dissertação giram em torno da relação entre forma artística e forma social no âmbito dos processos de globalização econômica e mundialização da cultura; dos sistemas de hibridação cultural (entre cultura popular tradicional, cultura letrada e indústria cultural) no quadro das transformações da produção, difusão e consumo da literatura de folhetos em Campina Grande; dos movimentos de descolonização intelectual através da literatura popular em verso e vinculações dos poetas com universidades locais; da gestão municipal dos bens culturais campinenses no contexto de mercantilização dos patrimônios nacionais. A patrimonialização da Feira Central de Campina Grande (2017) e da Literatura de Cordel (2018) pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), exposta por meio dessa pesquisa, incita análises relativas às dimensões implicadas nas ações de fomento e salvaguarda das culturas populares na contemporaneidade, abrindo espaço para exposição das tensões e negociações entre diferentes campos de saber/poder e das práticas de (r)existência urdidas por aqueles/as que aprenderam a viver nas “brechas”.

Onde: Instituto de Estudos Brasileiros/Edifício Brasiliana  – Sala 07 – Defesa – 2º andar
Quando: 19 de fevereiro, 14h00