Defesa de Dissertação de Mestrado de Rayssa Avila do Valle

No dia 08 de agosto de 2025, às 14h00min, será realizada a Defesa de Dissertação de Mestrado da pós-graduanda Rayssa Ávila do Valle, sob a orientação da Profª. Drª. Diana Gonçalves Vidal, intitulada “A Transição para o Ensino Médio de Juventudes do Campo e da Cidade de Araxá-mg: Um Estudo Prosopográfico Comparativo”

Resumo: Esta pesquisa envolveu um grupo de 7 estudantes de 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Eunice Weaver, na comunidade de Itaipu, zona rural do município de Araxá-MG, e outro grupo de 10 jovens no mesmo ano escolar da Escola Municipal Professora Auxiliadora Paiva, na periferia urbana. O objetivo foi identificar as expectativas dos coletivos do campo e da cidade, tomando território, gênero e cor/raça, separada ou interseccionalmente, como categorias de análise. Foram realizadas oficinas, entrevistas individuais e coletivas e uma devolutiva para/com os(as) jovens. A análise das fontes foi feita qualitativamente, mediante um estudo prosopográfico comparativo. A conclusão apontou que os dois coletivos apresentaram mais semelhanças que diferenças, pois nenhum dos temas discutidos ocorreu nos grupos só do campo ou só da cidade. A proximidade de tendências pode ser justificada pela pequena distância entre os territórios pesquisados e pela coincidência de valores das juventudes, pois esses(as) jovens consomem os mesmos produtos da indústria cultural, circulam facilmente entre territórios e no mundo informacional digital, bem como frequentam escolas que possuem currículos semelhantes. Foram também identificadas questões que desafiam uma parte dos estudos das juventudes do campo, pois os(as) entrevistados(as) expressaram-se sobre o lugar em que viveriam na vida adulta como uma consequência indiferente de suas escolhas profissionais, mas deve-se considerar que mais da metade deles(as) não provinha de famílias proprietárias de terras. Já a análise por gênero mostrou que as expectativas associadas a relações familiares e à independência financeira são encaradas distintamente por gênero. Há uma maior preocupação das jovens sobre sua profissionalização, mas a informação sobre os cursos do CEFET de Araxá afastou-as do Ensino Técnico, por envolverem principalmente as ciências exatas. Ademais, foi observada uma perspectiva bastante negativa das jovens do campo, por demarcarem em primeiro lugar não quererem ser humilhadas no trabalho, enquanto os jovens do campo revelaram uma concepção meritocrática. Quanto a cor/raça, observou-se a moratória social da juventude desigualmente distribuída, desfavorecendo jovens não brancos(as). Há uma leitura semelhante por cor/raça quanto aos desafios de seguir para o Ensino Superior, com um ligeiro maior pessimismo dos(as) não brancos(as), assim como há um desengajamento de não brancos(as) em relação ao Ensino Técnico, apesar de o recorte de gênero ser mais relevante. Na análise interseccional, perceberam-se maior intenção das jovens brancas de buscarem oportunidades como aprendizes ou estagiárias, maior tendência de os jovens brancos desejarem sair do país para trabalhar e menor disposição dos jovens não brancos de seguirem para o Ensino Superior. As jovens não brancas não apresentaram tendências tão mais fortes que os três outros grupos. Em suma, viver e estudar na cidade ou no campo, dentro do mesmo pequeno município, determina menos distinções nas expectativas de futuro dos(as) jovens que a influência dos marcadores de gênero ou cor/raça, que foram, por sua vez, mais significativos separada que interseccionalmente.

Onde: Sala 7, 2º andar do IEB

Quando: 08 de agosto, às 14h00