Defesa de Dissertação de Mestrado de Rodrigo Quintella Messina

No dia 01 de novembro de 2024, sexta-feira, às 14h00, será realizada a Defesa de Dissertação de Mestrado do pós-graduando Rodrigo Quintella Messina, sob a orientação do Prof. Dr. Stelio Alessandro Marras, intitulada ““UMA CASA FEITA PARA CAIR” JARAGUÁ: DESAPRENDENDO COM O MORRO”

Resumo: Através de conversas, mutirões, cursos, manifestações e vivências a chamado dos guarani mbya da terra indígena do Jaraguá, a aliança com os Juruá (não-indígenas) transcende fronteiras e junta – não necessariamente misturando – humanos, animais, plantas, espíritos e montanhas em uma prática baseada em distintos saberes, heranças, corpos e sonhos. A pesquisa é um relato de algumas dessas ações e relações que podem surgir com, a partir e diante dessas alianças, bem como daquelas entre a ciência da arquitetura e a da antropologia. Como o morro do Jaraguá e os povos guarani mbya que lá habitam disputam os sentidos da cidade de São Paulo que há de vir? Enquanto arquiteto projetista, procuro especular saídas práticas e teóricas para os constrangimentos postos pelo Antropoceno: um acontecimento geológico que desestabiliza e constrange as práticas modernas e suas noções pressupostas, produzindo “um paradoxo da ação”, isto é, ao mesmo tempo que a ação moderna está sob suspeita, ela se faz necessária. Diante desse impasse, a pesquisa se engaja propondo maneiras de aprender, desaprender e reaprender com o morro do Jaraguá e os povos guarani mbya, perguntando quais são as novas possibilidades para a ciência da arquitetura e o que ela pode vir a ser ao compor alianças com outros modos de compor mundos. Como exemplo, apresenta-se uma “Uma casa feita para cair”, dos guarani mbya da aldeia yvy porã no Jaraguá, em que é necessária a constante renovação da sua arquitetura. Junto com essa renovação, deveria vir a prática de ensino para as gerações por vir sobre o cuidado para com a casa de reza, bem como as tradições guarani mbya. Assim, para os guarani mbya, dar manutenção à casa é dar manutenção à cultura, ao corpo, ao espírito. É ação ritual. Fazer casa é fazer gente. Se há algo que aprendi na faculdade de arquitetura, é que as casas devem ser feitas para durar e, mais do que isso, que elas não deveriam necessitar de nenhuma manutenção. Diferente de como aprendi, a casa, como coisa “viva”, vai junto com os guarani mbya. O que se faz numa ordem reverbera na outra, isto é, o que está em questão é um princípio de correspondência entre coisas e pessoas, um modo de relação e ação, portanto, bastante distinto daquele de minha formação. Se fazer casa é fazer gente, que tipo de gente queremos fazer ao fazer nossas casas?

Onde: Auditório 2,  2º andar do IEB

Quando: 01 de novembro, sexta-feira, às 14h00